Um inglês suspeito ser um dos donos da tonelada de cocaína que foi apreendida com velejadores brasileiros, em um barco, em Cabo Verde, na África, foi preso na manhã desta sexta-feira (3), na Itália, segundo informações da Polícia Federal (PF).
George Eduard Soul, que é conhecido como George Fox, teve mandado de prisão preventiva cumprido por agentes da Organização Internacional de Polícia Criminal (Interpol). O órgão foi acionado após denúncia da PF.
De acordo com a Polícia Federal, o inglês era o responsável pela logística de transporte da droga que foi encontrada no barco, em agosto de 2017. George Fox foi indiciado por tráfico internacional de drogas e está custodiado na Itália.
No entanto, segundo informações passadas ao G1 pelo delegado da PF André Gonçalves, que também investiga o caso, a transferência do inglês para o Brasil deve ser solicitada à Justiça Federal nos próximos dias.
Além de George Fox, outro inglês, identificado como Robert James Delbos, é apontado como dono da droga apreendida. O homem foi preso em junho deste ano, na Espanha.
Segundo a PF, o barco onde estava a cocaína é de uma terceira pessoa, que não teve o nome divulgado, mas as investigações iniciais apontam que Robert e George também são donos, e portanto, responsáveis pela embarcação. A polícia acredita ainda que os ingleses fazem parte de dois cartéis internacionais de drogas.
Os velejadores, identificados como Rodrigo Dantas, Daniel Dantas, Daniel Guerra e Olivier Thomas, que é francês e capitão da embarcação, seguem presos. Eles foram condenados a 10 anos de prisão por conta da droga.
Autoridades brasileiras e familiares dos homens tentam a liberdade deles com a Justiça de Cabo Verde. O presidente Michel Temer chegou a conversar com o governante do país, Jorge Carlos Fonseca, durante uma viagem, em julho.
Caso
Os velejadores brasileiros que estavam com o barco foram acusados de tráfico internacional de drogas pela Justiça de Cabo Verde. Foram condenados os baianos Rodrigo Dantas e Daniel Dantas, além do gaúcho Daniel Guerra e o capitão da embarcação, de naturalidade francesa, Olivier Thomas.
Os familiares dos brasileiros, no entanto, afirmam que eles não sabiam que a droga estava no barco, que tinha o nome de Rich Harvest. Para eles, os velejadores foram vítimas de uma armação e a droga pode ter sido colocada na embarcação pelos suspeitos, sem que os velejadores fossem avisados.
Antes de sair do Brasil em agosto, o veleiro passou por inspeções da Polícia Federal em Salvador e em Natal. O barco foi liberado sem que nenhuma irregularidade fosse encontrada, mas na Ilha de Mindelo, em Cabo Verde, foi mais uma vez inspecionado e a droga encontrada.
Uma investigação da Polícia Federal brasileira aponta a inocência dos velejadores. No entanto, o inquérito não foi aceito pela Justiça de Cabo Verde.
A PF chegou a emitir uma nota de repúdio contra o Ministério Público da Comarca de São Vicente, em Cabo Verde, após um representante do órgão afirmar nos autos de uma ação penal que o inquérito da PF seria uma "manobra" para inocentar os velejadores.