sábado, 16 de setembro de 2017

Russos roubaram perfil de brasileiro

Site ‘fake’ foi criado para divulgar materiais contra Hillary Clinton

São Paulo. Em meio à campanha eleitoral americana de 2016, uma foto de Melvin Redick, de Harrisburg, Pensilvânia, surgiu no Facebook com um link para um novo site. “Esses caras mostram a verdade sobre Hillary Clinton, George Soros e outros líderes americanos”, escreveu ele no dia 8 de junho daquele ano.

Na verdade, a imagem atribuída a Redick era do brasileiro Charles David Costacurta, 36, de Jundiaí, São Paulo, que teve fotos pessoais roubadas por hackers russos, que criaram um perfil falso para divulgação de materiais contra a então candidata democrata Hillary Clinton. A publicação estava entre os primeiros sinais de uma intervenção estrangeira sem precedentes da Rússia na democracia americana, que está sob investigação nos EUA.

Várias das mensagens da página falavam sobre os e-mails da ex-secretária de Estado e então candidata à Presidência que haviam sido obtidos e vazados por hackers russos, além de visões políticas compartilhadas pelo Kremlin.

Os supostos donos do site faziam parte de uma espécie de “ciberexército” de contas falsas de Facebook e Twitter, um grupo de impostores liderados por russos cujas operações ainda estão sendo investigadas.

Apesar disso, nenhum Melvin Redick foi encontrado na base de dados da Pensilvânia. Quando os repórteres do “New York Times” questionaram o Facebook sobre o usuário e outras contas suspeitas de pertencerem a impostores, a empresa realizou seus procedimentos padrões e pediu aos donos dos perfis que usassem a boa-fé. Todas as contas suspeitas acabaram sendo removidas da rede social.

Os jornalistas suspeitavam que Redick era brasileiro, pois uma das fotos publicadas mostrava ele sentado em um bar localizado no Brasil. Em outra, aparecia um quarto com o padrão de tomada do país.

Toda a história foi publicada no “New York Times” em 7 de setembro. No dia seguinte, o site brasileiro G1 publicou uma matéria na qual pediam a ajuda dos leitores para tentar identificar o personagem em questão.

Segundo o jornal americano, um dos internautas viu as fotos e reconheceu seu genro, Charles David Costacurta, 36, oriundo de Jundiaí, São Paulo.

Ele disse ao G1 que as fotos foram tiradas em 2014 e relatou que ficou muito confuso com a situação, já que ajustou as configurações de privacidade do Facebook para limitar o acesso ao seu perfil.

“Eu fiquei assustado e avisei minha namorada para dar uma olhada, porque não entendo muito de redes sociais e internet. Eu fui vítima. Só tenho rede social pela minha filha, familiares e amigos”, disse Charles ao G1. Charles conta ainda ao portal que as fotos são todas de 2014 e que não pretende processar. Ele não faz ideia de como chegaram até ele entre os 2 bilhões de usuários.


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