quarta-feira, 14 de março de 2018

Escola e creche que vítimas de desabamento frequentavam suspendem aulas em Salvador


A escola e a creche frequentadas pelas duas crianças que morreram, nesta terça-feira (13), no desabamento da Rua Alto de São João, em Pituaçu, suspenderam as aulas, em luto às vítimas da tragédia. A mãe e o tio das crainças também morreram.

Conforme a Secretaria de Educação do Município (Smed), as atividades na Escola Municipal de Pituaçu, onde estudava Robert de Jesus, de 12 anos, e no Centro Municipal de Educação Infantil José Maria de Magalhães, frequentada por Artur, de um ano, devem ser retomadas na quarta-feira (14). As duas unidades ficam no bairro de Pituaçu.


Robert e Artur eram filhos de Rosemeire Pereira de Jesus, de 34 anos. Eles estavam na parte de baixo do imóvel quando a estrutura desabou e foram atingidos pelos escombros. Robert, o irmão, a mãe e o tio, Alan Pereira de Jesus, de 31 anos, ficaram soterrados e morreram no local. Rosemeire foi achada abraçada ao filho de um ano.

Tragédia

O desabamento ocorreu por volta das 6h da manhã desta terça. Sete pessoas da mesma família estavam no prédio. Três conseguiram deixar o imóvel, com a ajuda de vizinhos. Os corpos das outras quatro vítimas foi resgatado ao longo da manhã.


O primeiro corpo resgatado foi o de Robert, de 12 anos, por volta das 7h30. Por volta das 11h20, foi retirado o corpo de Alan. Ao meio-dia, o corpo de Artur, de 1 ano, foi retirado dos escombros. Já o de Rosemeire, foi removido do local da tragédia por volta das 12h50.

O corpo de Alan foi reconhecido pela pela mãe dele, Iara Maria Silva de Jesus, 55 anos, no carro do DPT, ainda na região da tragédia. "Uma dor que não consigo descrever", disse Iara.

Os três resgatados com vida são Alex Pereira de Jesus, 29 anos, a mulher dele, Beatriz, 30 anos, e a filha do casal, Sabrina Menezes, de 11 meses. Eles foram levados para o Hospital Geral do Estado (HGE), onde passaram por avaliação médica, e tiveram alta na tarde desta terça.

O prédio tinha quatro pavimentos. O desabamento aconteceu durante uma forte chuva que atingiu a capital baiana. Em cerca de três horas, três bairros de Salvador registraram um índice de precipitação quase 70% superior ao esperado para todo o mês de março.

O imóvel que desabou não fica em área de risco -- mas há a suspeita de que a construção estava irregular, segunda informações de Sosthenes Macêdo, diretor-geral da Defesa Civil de Salvador (Codesal).

Quatro ambulâncias do Samu, unidades do Corpo de Bombeiros e um helicóptero do Graer atuaram no local do resgate.

Construção

O prédio ficava no final de um beco estreito na Rua Alto do São João. Moradores se aglomeraram no espaço para acompanhar o resgate das vítimas, e a quantidade de pessoas no caminho chegava a atrapalhar a passagem das equipes.

O diretor-geral da Defesa Civil de Salvador, Sosthenes Macedo, informou que um dos moradores que sobreviveu disse que o prédio era dividido em quatro pavimentos: subsolo, térreo, primeiro e segundo andar. A construção teria cinco anos.

Sosthenes afirmou, ainda, que a avaliação preliminar é de que a construção do prédio era irregular. "Somente depois da área limpa, para enxergar a fundação, a estrutura que foi construída, para fazer o levantamento da edificação. Só com o término do procedimento", detalha.

"Os engenheiros informam que muito provavelmente foi uma falha na técnica de construção da edificação, que pode ter gerado esse tipo de situação, somado com a chuva", disse Sosthenes Macedo.

De acordo com o diretor-geral da Codesal, duas casas que ficam na área superior ao local onde houve o desabamento foram condenadas e começaram a ser demolidas, ainda nesta terça. Conforme Sosthenes, cinco barrancos de madeira que ficam na parte de baixo do local da tragédia também foram condenados e serão removidos do local.

Os moradores foram notificados e devem deixar os imóveis. Segundo Juliana Portela, da Semps, as famílias vão receber auxílio-moradia da prefeitura.

"O auxílio-moradia é no valor de R$ 300, e o auxílio-emergência vai de um a três salarios míninos, a depender das perdas. É prudente que eles (moradores) não retornem. Eles podem buscar pertences, acompanhados de engenheiro, a depender da avaliação desse profissional", disse Juliana.


Em nota, a prefeitura informou que atua na localidade no trabalho de resgate, no suporte psicológico e assistencial às famílias e na limpeza da área.

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