segunda-feira, 16 de abril de 2018

Moradores relatam pânico durante invasão a triplex atribuído a Lula em Guarujá: 'Pediam guerra'


Moradores do Condomínio Solaris, onde localiza-se o triplex atribuído ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em Guarujá, no litoral de São Paulo, relataram medo e pânico durante a invasão de militantes ao imóvel, nesta segunda-feira (16). A Polícia Federal investiga o caso e a perícia analisa eventuais danos.


Aproximadamente 50 integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) e da Frente Povo Sem Medo invadiram o edifício, localizado na orla da Praia das Astúrias, pela manhã. Eles permaneceram no imóvel por quatro horas e o desocuparam após negociações com equipes da Polícia Militar, que acompanharam o ato.

Após o ocorrido, a Polícia Federal instaurou um inquérito de "esbulho possessório", quando há uma invasão violenta a um bem alheio, para apurar os danos e responsabilidades. Peritos constataram, preliminarmente, que houve arrombamento da porta principal do apartamento, que foi lacrado para investigação. Moradores do edifício compareceram à Delegacia da Polícia Federal, em Santos, para prestar depoimento.


"O barulho era muito grande, havia uma algazarra. A gente realmente estranha, pois eles querem respeito, mas não respeitam a gente", comentou o morador da cobertura ao lado, o médico Mauricy Magário, de 58 anos. Ele chegou a negociar com um dos manifestantes para que houvesse ordem no protesto.

"Eles chegaram a veicular, em voz alta, que iriam invadir todos os outros apartamentos. Todos ficamos assutados. A gente ficou bastante tenso. Eles pediam guerra, pediam luta. 'Vamos à luta'. Mas que espécie de luta é essa?", contou Magário. Um dos integrantes, mais tarde, garantiu a ele que não haveria briga.


O aeronauta aposentado José Ramon Rodrigues, de 67 anos, que mora em outro apartamento no condomíno, disse ter ficado apreensivo. "Quando eu cheguei, já estava a ocupação feita. Minha mulher que avisou o que estava acontecendo. Pelo o que eu entendi, eles queriam fazer uma demonstração relâmpago", contou.

Invasão

Os manifestantes chegaram ao edifício por volta das 8h30 desta segunda-feira. "Se o triplex é do Lula, podemos permanecer. Se não é, por que ele está preso?", argumentou o integrante do MTST, Josué Rocha. De acordo com ele, mais de 50 pessoas foram ao triplex, e outros 100 manifestantes ficaram na rua.


O grupo estendeu faixas com as mensagens "Povo Sem Medo", "Se é do Lula, é nosso" e "Se não é, por que prendeu?", na sacada do apartamento. "Queremos provocar essa discussão. Eles não têm provas de que o triplex é do Lula, não há nenhuma prova da propriedade, a condenação é uma farsa", disse mais cedo.

O pré-candidato à Presidência da República pelo PSOL (Partido Socialismo e Liberdade) e coordenador nacional do MTST, Guilherme Boulos, também participou desde cedo da manifestação. Ele anunciou o lançamento da pré-candidatura no dia 10 de março, em São Paulo, com a vice da chapa, a ativista Sônia Guajajara.

Triplex Guarujá


A invasão acontece nove dias após Lula se entregar para à Polícia Federal. Ele foi preso após permanecer por dois dias na sede do Sindicato dos Metalúrgicos em São Bernardo do Campo (SP). Foi justamente o caso triplex que ocasionou a condenação do ex-presidente por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

Lula foi condenado pelo juiz Sérgio Moro após o magistrado entender que a construtora OAS pagou R$ 2,2 milhões em propina a ele por meio da entrega e a reforma do apartamento, em Guarujá. Desembargadores do Tribunal Regional Federal da 4ª Região aumentaram a pena dele para 12 anos e um mês de prisão.


A Justiça em São Paulo ainda decidiu bloquear o apartamento triplex, alvo de investigação pela Operação Lava Jato. O leilão, conforme previsão inicial, será realizado nos dias 15 e 22 de maio e os lances podem ser feitos pela internet até estas datas. O valor inicial dos lances também é de R$ 2,2 milhões.



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