sexta-feira, 8 de junho de 2018

Ex-vereador investigado por superfaturamento em obras é chamado de 'ladrão' ao vivo em seu programa de rádio no RS


O ex-presidente da Câmara de Vereadores de Rio Grande Charles Saraiva, investigado por suposto superfaturamento de obras no legislativo, foi confrontado ao vivo em seu programa na rádio Cultura Riograndina por uma ouvinte, sobre o envolvimento dele no caso.

"Pô, que vergonha, hein? Tu hein? Roubando na Câmara de Vereadores?", disse a mulher que se identificou como Cecília. Ela ainda xingou o ex-vereador: "Ladrão".

A ligação aconteceu no fim da manhã de quarta-feira (6) durante o programa, que também era transmitido pelo Facebook.

"Pode cortar…", pediu Charles para o operador de áudio. "Esse assunto eu não vou tratar no ar, não vou tratar disso porque estou aguardando. Quando eu for chamado no Ministério Público… Primeiro que eu não sou pedreiro, não sou consultor de obras. Quando assumi a presidência da Câmara, o contrato já estava em andamento, e eu não estou tocando neste assunto para não atrapalhar as investigações. E também não vou aceitar provocações de pessoas que não gostam de mim".

Procurado pelo G1 nesta sexta-feira (8), Charles disse que preferia não se pronunciar.

A rádio Cultura Riograndina informou que Charles começou a apresentar o programa depois de ter deixado a Câmara de Vereadores, e afirmou que manterá o vídeo do programa no ar, sem cortes.

Superfaturamento investigado

Uma reportagem exibida pela RBS TV na terça-feira (5) trouxe à tona uma investigação conduzida pelo Ministério Público sobre superfaturamento em obras realizadas na Câmara de Vereadores entre os anos de 2015 e 2017. O valor gasto teria chegado a R$ 2,2 milhões, mais que o valor de mercado do prédio onde funciona o legislativo, de R$ 1,8 milhão.

Uma perícia encomendada pela reportagem aponta que houve superfaturamento nos serviços, conforme documentação obtida por meio da Lei de Acesso à Informação.

Ao analisar os papéis, a perita judicial Daniela Simões Lopes identificou orçamentos que previam o pagamento de R$ 340 por hora de trabalho para um servente de obra, e de R$ 320 para auxiliar de eletricista. Valores, segundo ela, quase 1.500% acima do praticado no mercado.

"Eles basicamente vão ter um valor de quase R$ 50 mil o salário mensal. E isso é totalmente inaceitável, fora de mercado", afirma.

Em maio de 2018, o responsável pelas obras na Câmara pediu a compra de quatro novos reservatórios de água, porque os atuais eram de 1997. No entanto, notas fiscais de dezembro de 2017 apontam a compra dos reservatórios por R$ 2,5 mil cada.

"Não tenho como fazer um levantamento a respeito de quanto custa hora, quanto não custa, qual valor que vai custar. Até que se prove o contrário, eu acredito, acima de qualquer coisa, na idoneidade dos funcionários de carreira da Câmara, que são os que fizeram todo o processo de licitação", disse Charles Saraiva, quando indagado pela reportagem.

Na segunda-feira (4), um empresário responsável pela TV Câmara foi preso. Ele é investigado por ter oferecido propina para o atual presidente da casa, Flávio Veleda Maciel, que denunciou o suposto esquema. Em depoimento ao Ministério Público, o empresário negou envolvimento.

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