sexta-feira, 12 de outubro de 2018

DONO DE CAIAQUE E FUNCIONÁRIO SÃO DENUNCIADOS POR HOMICÍDIO QUALIFICADO POR AFOGAMENTO DE GAROTO; VÍTIMA TEVE QUE DEVOLVER COLETE


O dono da empresa Caiaques do Vale e um funcionário, envolvidos no afogamento do adolescente Diogo Lira Ferreira, de 16 anos, na cidade de Juazeiro, no norte da Bahia, foram denunciados pelo Ministério Público do estado (MP-BA) por homicídio qualificado, nesta quinta-feira (11).

Segundo o MP, a denúncia foi feita pelo promotor de Justiça Raimundo Moinhos. O dono da empresa foi identificado como Eduardo Jorge Meireles da Cunha e o funcionário dele como Ramon Neto Costa.

Diogo Lira morreu no feriado do dia 7 de setembro deste ano, quando passeava com um primo e dois amigos, em um trecho do Rio São Francisco. O grupo estava em um dos caiaques alugados pela empresa, que atua na região.

De acordo com o MP, o promotor aponta que Diogo tinha contratado o serviço por 1h e, após passar o tempo, Eduardo Jorge teria determinado que Ramon utilizasse outro embarcação para “ir até os adolescentes e tomar os coletes e o caiaque”.

Na denúncia, conforme o MP, o promotor Raimundo Moinhos destacou que a vítima foi abordada “de surpresa, no meio do rio”, o que impossibilitou a sua defesa. O crime também foi qualificado por motivo fútil, tendo em vista que a ordem para que os adolescentes voltassem nadando se deu “somente pelo fato deles terem ultrapassado o tempo do aluguel”.

Ainda segundo o MP, a denúncia também registra que, mesmo “cientes de que na região a correnteza é violenta e são rotineiros os casos de afogamento”, os acusados determinaram que os garotos “voltassem nadando”, o que, para o promotor, configura dolo eventual. “Ainda que não desejassem, eles assumiram o risco de que o afogamento acontecesse”, afirmou Moinhos.

Anteriormente, a Polícia Civil havia indiciado o dono da empresa e o funcionário por homicídio culposo, quando não há intenção de matar. O inquérito foi remetido para o MP no dia 5 de outubro. Contudo, em nova análise, o órgão mudou a acusação.

Caso

Diogo Lira Ferreira retornava da Ilha do Fogo para a orla de Juazeiro, no Rio São Francisco, quando, no meio do trajeto, a embarcação, que tem capacidade somente para duas pessoas, teria virado duas vezes.

Na época, o amigo de Diogo, que preferiu não ser identificado, contou que todos conseguiram retornar para o caiaque, mas, em seguida, o funcionário da empresa Caiaques do Vale, ao ver que o caiaque tinha virado, teria utilizado outra embarcação para alcançar os jovens e, irritado com o excesso de passageiros, obrigado dois deles a descer - ele e Diogo.

"Eu e ele estavamos com colete, e os outros dois não estavam [com colete]. Fomos atravessar o rio e o caiaque virou duas vezes. O cara mandou o funcionário dele. E o cara chegou lá com raiva e disse: 'tira o colete, deixe o caiaque e vão nadando'", contou o amigo de Diogo, que conseguiu nadar até a costa.

Após o caso, Diogo se afogou e sumiu no rio. O corpo dele foi achado minutos depois por um salva-vidas.

Na época, a empresa informou, por meio de nota, que os jovens teriam decidido terminar a viagem nadando, diante do alerta do excesso de pessoas no caiaque, mas um não teve resistência e se afogou. A empresa ainda disse que lamentava o ocorrido e que se solidarizava com a família da vítima.

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